CINEMA - um Passado e UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA
Controverso e bizarro, Cronenberg gosta de chocar. Por isso, e pela sua apetência por temas sórdidos e complexos, tornou-se num cineasta de culto. Ao longo de 40 anos de actividade já apresentou obras tão obscuras, polémicas e fascinantes como: RABID; VIDEODROME; THE FLY; DEAD RINGERS; NAKED LUNCH; M. BUTTERFLY; CRASH e EXISTENZ. Violência, sexo e morte são temáticas recorrentes na sua filmografia. O seu apurado sentido narrativo, quase sempre escatológico, aliado a uma estética pessoal muito vincada, são a sua marca.
Em A HISTORY OF VIOLENCE Cronenberg refinou a sua arte, afastou-se da sua costela psicótica, distanciou-se da sua estética visual habitual e optou por um registo mais clean, quase fordiano. Os seus temas de sempre estão lá, em perfeita harmonia, como sempre fez. A violéncia, o sexo e a morte. A tríade vital que motiva as suas narrativas, mescladas de tal forma que muitas vezes se torna difícil de distinguir onde acaba uma e começa a outra.
Viggo Mortensen é um dedicado chefe de família e um simpático dono de um pequeno diner local que se vê obrigado a matar dois assaltantes que tentam roubar o seu estabelecimento. A notícia espalha-se e surge então um mafioso de Filadélfia (Ed Harris) que o procura para acertar contas do passado. Viggo e a sua mulher Maria Bello negam conhecer este homem e afirmam tratar-se de uma troca de identidade. Mas o cerco aperta e aos poucos vamo-nos apercebendo que esta HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA é mais um PASSADO DE VIOLÊNCIA. A própria história paralela do filho de Viggo (Ashton Holmes) e dos seus problemas na escola evidenciam uma génese violenta.
A simplicidade dos movimentos de câmera e completa ausência de planos supérfluos, aliados à imponente banda sonora de Howard Shore acentuam a carga dramática e violenta do filme. Mesmo as cenas de sexo estão carregadas de animalidade. Todo o filme é um afugentar de sombras, corroborando o plano inicial em que a filha (Heidi Hayes) de Viggo e Maria acorda a meio da noite a gritar por causa de um pesadelo com monstros. E todo o filme é um pesadelo sobre monstros... As interpretações são soberbas, desde os actores principais aos secundários (referência especial para o pequeno papel de William Hurt).
Cronenberg assina aqui um dos seus melhores trabalhos. Talvez mesmo o seu melhor.
Nota: 8
1 comentário:
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